Segundo Dossiê das Intolerâncias mostra que brasileiro cansou de discutir política na internet, mas continua destilando ódio nas redes sociais
Que a Internet é essencial na vida pessoal e profissional de todos nós, não há mais dúvidas. Mas, se por um lado ela é uma ferramenta que nos aproxima e torna as informações mais acessíveis, por outro lado ela acabou se transformando em um ambiente de ódio e intolerância. O que se nota é que as redes sociais provocam uma sensação de segurança para dizer o que não se deve, sem grandes consequências para o ato. E em muitos casos, os intolerantes até se sentem recompensados, ao encontrar nas redes, pessoas que concordam e reverberam este tipo de discurso. É o efeito negativo do curtir e do compartilhar.
De acordo com dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos só nos últimos 11 anos foram 3.861.707 denúncias de conteúdo de ódio na internet, envolvendo 668.288 páginas diferentes, em nove idiomas. Já a ONG SaferNet, que trabalha para combater o discurso de ódio nas redes, recebeu, no mesmo período, 3.060.502 denúncias sobre conteúdos que envolviam racismo, homofobia, intolerância religiosa, xenofobia, neonazismo, incitação à violência, entre outros. Lembrando que estes números expressivos não levam em conta todos os outros casos que acontecem todos os dias, que não são denunciados ou divulgados.
Para traçar um panorama sobre a Intolerância na internet brasileira no ano de 2017, o blog Comunica que Muda realizou o Segundo Dossiê das Intolerâncias nas Redes. A primeira edição teve o monitoramento em 2016 e agora foram levantados os comentários nos meses de julho a setembro de 2017, e classificados a partir de dez tipos diferentes de intolerância: aparência, classe social, deficiência, homofobia, misoginia, política, idade/geração, racismo, religião e xenofobia.
Nesta segunda edição, foram capturadas quase 220 mil menções, contra as mais de 500 mil registradas em 2016. A maior diferença ficou por conta da intolerância política, que registrou uma queda brusca de quase 250 mil menções captadas, passando de mais de 273 mil, em 2016, para cerca de 26 mil, em 2017. A baixa nas menções sobre política mostra um cansaço e um descrédito na política do país durante o ano de 2017, mas que pode mudar completamente com as eleições para a presidência agora em outubro de 2018.
Infelizmente, a intolerância em relação à deficiência teve o maior número de comentários, com 45.873 menções, sendo 90,1% negativas. Isto acontece porque grande parte dos internautas usa termos como “demente”, “retardado” e “débil mental” para xingar outras pessoas. Outros tipos de intolerância com porcentagens altas e negativas foram sobre idade/geração (98,4%) e religião (91,2%).
Alguns tipos de intolerância apresentaram melhoras em seus índices, ainda que a maior parte das menções continue negativa. Foi o caso da homofobia, em que os comentários negativos passaram de 93,9% no primeiro estudo para 59,5%, em 2017. Outros destaques foram o preconceito sobre classe social, que passou de 94,8% para 61,2%, e a xenofobia, de 84,8% para 50,3%.
A maioria das postagens captadas pela plataforma Torabit são do Twitter, seguido do Instagram. Já grande parte dos dados do Facebook não são públicos, o que impede que boa parte dos comentários seja captada.
Para conferir todas as informações do Segundo Dossiê das Intolerâncias nas Redes acesse: http://dossie.comunicaquemuda.com.br/intolerancia2017/